sábado, 5 de setembro de 2015

TEMPORADA 2013/1

Obras do Autor em seu Sexagenário de Vida:
1 – Coleção Vermelha
2 – Coleção Azul
3 – Coleção Verde
COLEÇÃO VERDE:

I I – BREVES RESENHAS DE FILOSOFIA & POLÍTICA (2006)
I II – INDAGAÇÕES POÉTICAS (2003 – 2007)
 III – ELOS – Poemas (2008 – 2011)
IV – OBSERVATÓRIO – Prosas em Versos (2012 – 2014)

     OBSERVATÓRIO
(PROSAS EM VERSOS)

TEMPORADA 2013/1:

RUMO AO MILÉSIMO POEMA

Como todo poeta amador
Que faz crônicas em versos
Fiz muitos poemas ruins, experiências
Outros tantos até bons, poéticos
E alguns poucos inspirados, uns dois
Talvez nenhum com a excelência
Dos grandes poetas da língua mãe
(Que também têm seus ruins e bons, pois
Poemas são como gols, vale até de mão!)
Porém todos os 680 poemas meus, todos vãos
Foram absolutamente necessários, todos são
Registros de etapas e intensas vivências
Biografia intimista escrita feito Diários inéditos
Como agora, da inspiração de fazer o inventário
Das minhas tentativas de poesia em dez livros
Escritas ao longo de 44 anos,  15  poemas/ano em média
Surge-me um propósito de vida saudável  pra velhice:
Viver com lucidez até os 80 anos, sem caduquice
Quando calculo completar o meu milésimo poema
E poder dizer que a vida valeu a pena ao sair de cena
E pendurar as chuteiras estufando a rede de poesias vividas!
19/jan/2013

 ATO DE FÉ
A vida não dá folga
É  ato de fé
Férias da vida é coma
Melhor de pé do que de cama.
20/01/2013

GARGANTA PROFUNDA

A lua minguava suspensa
Como uma fruta brilhante
Mordida por dentes de diamante
No céu da boca estrelada da noite.
23/01/2013
POETAR XVI

Não escrevo para viver
Nem vivo para escrever
Apenas escrevo o que vivo
Para desencobrir  a poesia
Vivendo o que escrevo cada dia.
                                    27/01/2013
DESLIZE CELESTIAL

A lua pálida atrasou o passo, tímida
E assistiu o fulgurante nascer do sol
Então ambos ficaram se flertando
Por entre antenas de telhados antigos
E chaminés de churrasqueiras de edifícios
Durante boa parte da manhã de verão.
Eu, talvez  única testemunha ocular
Do deslize amoroso dos corpos celestes
Fiquei preocupado com a falta da lua
Na noite que faz no outro hemisfério do planeta.
28/01/2013
CAZUZANDO IDEOLOGIAS

Meus heróis morreram de overdose de poder
Meus inimigos estão na oposição comigo
E aquele garoto que queria mudar o mundo
Agora assiste as ideologias de cima do muro
Não preciso mais de uma seita para viver...
30/01/2013
 EU CONTRA MIM

Penso, logo existo.
Mente, vertente de pensamentos
Dos teus delírios me poupo
Quem arrastas em teus ventos
Ou está preso ou está louco.
Existo, sem pensar.
20/03/2013

TRANSPLANTE DE CÉREBRO

Tento fazer um up-grade
No software do meu cérebro
Modelo antigo, saído de linha
No meio do século passado

Feitos com conceitos obsoletos
Meus neurônios não entendem
As atuais linguagens de máquinas
Dos novos modelos cerebrais

Tento obter o domínio mental
Pelo viés espiritual, já que tenho
Forte rejeição a implantes pontuais
De peças conceituais turbinadas

Assim, sem que a ciência avance
Até realizar transplantes de cérebros
Só me resta a opção da reencarnação
Através de seitas com este up-grade
Nos seus dogmas de fé no pós-morte
Ainda que com arquivos de memórias
Com vírus cármicos de vidas passadas.
24/03/2013

LÍNGUA PÁTRIA

Quando achávamos certo
Que o mundo era quadrado
Camões, poeta, pirata e pirado
Ficou de olho vidrado na Língua
Que atravessou o mar em caravelas
Pra ser a voz enfiada em nossas goelas
De um novo povo no novo mundo
Fundindo a ferro e fogo três continentes
Num país de mestiços: índios, lusos e africanos
O brasileiro, miscigenado de raças e crenças
Com identidade ancorada na língua dos Lusíadas
Como ecos pátrios num mundo feito redondo e chato
Nesta terra que ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso  Portugal.
                                                         03/04/2013

POETAR XVII

Sou um platônico arcaico
De um platonismo pré-socrático
De antes da gente se perguntar
Quem, o quê, onde, como e por quê?...
Sexogenário, envelheço adepto convicto
Dos prazeres corporais de cama e mesa
Platonicamente versificados em poemas
Como uma tara poética sem espermas.
13/04/2013

NO GOGÓ

Me explica moço
Porque que no pescoço
A gente tem um caroço
E nunca se engasga?...
11/05/2013

CONSCIÊNCIA COLETIVA

Eu não sou este que vos fala
Eu sou aquele que ouve esse
Que vos fala que é eu
Sou aquele calado
No fundo da mente dele
Sou a consciência esvaziada
De conceitos e pensamentos
Eu não sou eu, eu sou nós
E nós é que somos o eu:
A consciência coletiva.
26/05/2013

POETAR XVIII

Quando o ato de poetar
É disparado por algo
Os sensores de sensibilidade
Ficam em alerta máximo
Rastreando a mente e o mundo
Em 360º na vista horizontal
Em giro norte, leste, sul e oeste
E rastreando o corpo e o espaço
De cima à baixo, por frente e por trás
Na captura da ideia inspiradora
E da palavra exata que a ideia faz
Para compor o verso e liberar o poeta
A seguir impunemente em frente
Como se nenhum estranhamento
Tivesse acontecido em seu caminho.
14/06/2013

ALMÁRIO SECRETO

Não quero parecer paranóico
Mas esta truculenta repressão
Aos protestos dos estudantes
Como mera molecagem e baderna
Contra o aumento das passagens
E às obras com derrubadas de árvores
Faz a gente pensar na arrogância
Dos militares auto-anistiados na caserna
Por seus crimes contra a humanidade
E que continuam ensinando como verdade
Que foi uma revolução o golpe de estado
E que se orgulham de seus almários secretos
Com as almas ainda prisioneiras dos desaparecidos.
Não quero ser paranóico...nem foragido
Mas imaginem se as tropas de botinas voltam
Arrombando nossas portas e gavetas íntimas
E encontram nossas vidas de bandeja no Facebook
Como confissões espontâneas da  nossa subversão?...
Não quero, mas a paranóia de ser mais um no almário
Cresceu com a notícia que a CIA grava a nossa comunicação.
16/06/2013


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