Obras do Autor em seu
Sexagenário de Vida:
1 – Coleção Vermelha
2 – Coleção Azul
3 – Coleção Verde
COLEÇÃO VERDE:
I I – BREVES RESENHAS DE FILOSOFIA & POLÍTICA
(2006)
I II – INDAGAÇÕES POÉTICAS (2003 – 2007)
III – ELOS – Poemas (2008 – 2011)
IV – OBSERVATÓRIO – Prosas em Versos (2012 – 2014)
IV – OBSERVATÓRIO – Prosas em Versos (2012 – 2014)
OBSERVATÓRIO
(PROSAS EM VERSOS)
TEMPORADA 2013/1:
RUMO AO MILÉSIMO POEMA
Como todo poeta amador
Que faz crônicas em versos
Fiz muitos poemas ruins,
experiências
Outros tantos até bons,
poéticos
E alguns poucos inspirados,
uns dois
Talvez nenhum com a
excelência
Dos grandes poetas da língua
mãe
(Que também têm seus ruins e
bons, pois
Poemas são como gols, vale
até de mão!)
Porém todos os 680 poemas
meus, todos vãos
Foram absolutamente
necessários, todos são
Registros de etapas e
intensas vivências
Biografia intimista escrita
feito Diários inéditos
Como agora, da inspiração de
fazer o inventário
Das minhas tentativas de
poesia em dez livros
Escritas ao longo de 44
anos, 15
poemas/ano em média
Surge-me um propósito de
vida saudável pra velhice:
Viver com lucidez até os 80
anos, sem caduquice
Quando calculo completar o
meu milésimo poema
E poder dizer que a vida
valeu a pena ao sair de cena
E pendurar as chuteiras
estufando a rede de poesias vividas!
19/jan/2013
ATO DE FÉ
A vida não dá folga
É ato de fé
Férias da vida é coma
Melhor de pé do que de cama.
20/01/2013
GARGANTA PROFUNDA
A lua minguava suspensa
Como uma fruta brilhante
Mordida por dentes de
diamante
No céu da boca estrelada da
noite.
23/01/2013
POETAR XVI
Não escrevo para viver
Nem vivo para escrever
Apenas escrevo o que vivo
Para desencobrir a poesia
Vivendo o que escrevo cada
dia.
27/01/2013
DESLIZE CELESTIAL
A lua pálida atrasou o
passo, tímida
E assistiu o fulgurante
nascer do sol
Então ambos ficaram se
flertando
Por entre antenas de
telhados antigos
E chaminés de churrasqueiras
de edifícios
Durante boa parte da manhã
de verão.
Eu, talvez única testemunha ocular
Do deslize amoroso dos
corpos celestes
Fiquei preocupado com a
falta da lua
Na noite que faz no outro
hemisfério do planeta.
28/01/2013
CAZUZANDO IDEOLOGIAS
Meus heróis morreram de
overdose de poder
Meus inimigos estão na
oposição comigo
E aquele garoto que queria
mudar o mundo
Agora assiste as ideologias
de cima do muro
Não preciso mais de uma
seita para viver...
30/01/2013
EU CONTRA MIM
Penso, logo existo.
Mente, vertente de
pensamentos
Dos teus delírios me poupo
Quem arrastas em teus ventos
Ou está preso ou está louco.
Existo, sem pensar.
20/03/2013
TRANSPLANTE DE CÉREBRO
Tento fazer um up-grade
No software do meu cérebro
Modelo antigo, saído de
linha
No meio do século passado
Feitos com conceitos
obsoletos
Meus neurônios não entendem
As atuais linguagens de
máquinas
Dos novos modelos cerebrais
Tento obter o domínio mental
Pelo viés espiritual, já que
tenho
Forte rejeição a implantes
pontuais
De peças conceituais
turbinadas
Assim, sem que a ciência
avance
Até realizar transplantes de
cérebros
Só me resta a opção da
reencarnação
Através de seitas com este
up-grade
Nos seus dogmas de fé no
pós-morte
Ainda que com arquivos de
memórias
Com vírus cármicos de vidas
passadas.
24/03/2013
LÍNGUA PÁTRIA
Quando achávamos certo
Que o mundo era quadrado
Camões, poeta, pirata e
pirado
Ficou de olho vidrado na
Língua
Que atravessou o mar em
caravelas
Pra ser a voz enfiada em
nossas goelas
De um novo povo no novo
mundo
Fundindo a ferro e fogo três
continentes
Num país de mestiços:
índios, lusos e africanos
O brasileiro, miscigenado de
raças e crenças
Com identidade ancorada na
língua dos Lusíadas
Como ecos pátrios num mundo
feito redondo e chato
Nesta terra que ainda vai
cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um
imenso Portugal.
03/04/2013
POETAR XVII
Sou um platônico arcaico
De um platonismo
pré-socrático
De antes da gente se
perguntar
Quem, o quê, onde, como e
por quê?...
Sexogenário, envelheço
adepto convicto
Dos prazeres corporais de
cama e mesa
Platonicamente versificados
em poemas
Como uma tara poética sem
espermas.
13/04/2013
NO GOGÓ
Me explica moço
Porque que no pescoço
A gente tem um caroço
E nunca se engasga?...
11/05/2013
CONSCIÊNCIA COLETIVA
Eu não sou este que vos fala
Eu sou aquele que ouve esse
Que vos fala que é eu
Sou aquele calado
No fundo da mente dele
Sou a consciência esvaziada
De conceitos e pensamentos
Eu não sou eu, eu sou nós
E nós é que somos o eu:
A consciência coletiva.
26/05/2013
POETAR XVIII
Quando o ato de poetar
É disparado por algo
Os sensores de sensibilidade
Ficam em alerta máximo
Rastreando a mente e o mundo
Em 360º na vista horizontal
Em giro norte, leste, sul e
oeste
E rastreando o corpo e o
espaço
De cima à baixo, por frente
e por trás
Na captura da ideia
inspiradora
E da palavra exata que a
ideia faz
Para compor o verso e
liberar o poeta
A seguir impunemente em
frente
Como se nenhum estranhamento
Tivesse acontecido em seu
caminho.
14/06/2013
ALMÁRIO SECRETO
Não quero parecer paranóico
Mas esta truculenta
repressão
Aos protestos dos estudantes
Como mera molecagem e
baderna
Contra o aumento das
passagens
E às obras com derrubadas de
árvores
Faz a gente pensar na
arrogância
Dos militares
auto-anistiados na caserna
Por seus crimes contra a
humanidade
E que continuam ensinando
como verdade
Que foi uma revolução o
golpe de estado
E que se orgulham de seus
almários secretos
Com as almas ainda
prisioneiras dos desaparecidos.
Não quero ser
paranóico...nem foragido
Mas imaginem se as tropas de
botinas voltam
Arrombando nossas portas e
gavetas íntimas
E encontram nossas vidas de
bandeja no Facebook
Como confissões espontâneas
da nossa subversão?...
Não quero, mas a paranóia de
ser mais um no almário
Cresceu com a notícia que a
CIA grava a nossa comunicação.
16/06/2013
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